O evento estava repleto de grandes nomes do
acompanhamento terapêutico. Foi um grande aprendizado em todos os sentidos.
No primeiro dia houve vários debates acerca do acompanhamento
terapêutico (AT), como profissão ou como função.
Pela manhã Marité Colombini, da Argentina
trouxe uma questão que vemos também no Brasil: a imposição de um acompanhante
terapêutico (at) para a criança ingressar na escola. Até que ponto a escola
está repassando uma responsabilidade que é sua e até que ponto este AT é
terapêutico, este at tem espaço para trabalhar, não está somente nas demandas da
escola? Ela me fez refletir sobre essas coisas. Ela fala do AT como “uma
práxis”.
Graciela Bustos traz que “o acompanhar já
existe desde o início da humanidade, estamos resgatando esse acompanhar uns aos
outros”. Isso é lindo e isso é muito AT!
Maurício Hermann, do Brasil, contribui colocando
que institucionalmente é importante ser profissão, para estar na rede pública,
por exemplo, e de forma habilitada. Porém, alerta que transformar o AT em
profissão fecha portas importantes como no trabalho de pedagogas, assistentes
sociais, etc.
No México não existe lei antimanicomial.
Existem os manicômios e existem “las casas de medio camiño”. Essas casas são
como hospedagens, onde os pacientes ficam durante alguns dias da semana. São
casas privadas, onde poucos possuem acesso, e são pacientes que não estão
necessitando de uma internação porém a família quer deixá-lo em algum lugar,
seja por trabalho, seja por algum outro motivo. Então estas casas funcionam
como hospedagens por alguns dias da semana para esses pacientes. Existe algo
público, seriam casas que não se paga, porém as condições são muito precárias conforme relataram.
Por exemplo, algo como a psicóloga dar atendimento a cada três meses.
Na parte da tarde Luciana Chauí do Brasil, e
Maria Laura Frank da Argentina, apresentaram uma mesa sobre família. Luciana
falou da importância do toque, do corpo e de que a mudança pode ocorrer com a
aproximação física. Ana Celeste de Araújo Pitiá,
do Brasil, apresentou o projeto de AT na Rede Pública em São Paulo, um projeto
bem grande, com quarenta ats e que me impressionou muito.
No segundo dia, pela manhã, a mesa abordou o AT
no México e uma das reflexões levantadas foi sobre a medicalização das
crianças, que também vemos por aqui e o quanto o DSM V foi um retrocesso.
Na parte da tarde foi a apresentação do meu
trabalho. Apesar do nervosismo, deu tudo certo. O trabalho foi muito elogiado.
Eu fiz questão de traduzi-lo e apresentá-lo em espanhol para que todos
compreendessem. Isso porque os mexicanos não entendem português. Esse é um
curioso fato que no início pensei ser piada. As línguas são tão semelhantes,
como eles não entendem? Nós entendemos o que eles falam. Ao longo de minha
estadia lá, e depois de observar, percebi que só os mexicanos não nos entendiam
quando falávamos português, os argentinos entendiam. Fiquei a pensar sobre esse
fato e claro, a resposta é muito simples. Nós brasileiros (principalmente os gaúchos), os argentinos e os uruguaios,
somos um povo meio misturado, que ao longo dos tempos conviveu com uma
fronteira que ia pra lá, vinha pra cá, suscetivamente. Desta forma, impregnamos
eles de um pouco de nossa cultura e eles nos impregnaram da sua. Para nossos
ouvidos brasileiros e principalmente gaúchos, a língua dos hermanos é mui
familiar. Mas para os mexicanos o português é uma coisa de outro mundo. Assim,
fiquei muito aliviada e satisfeita por ter me dado o trabalho de traduzir o texto
e apresentar na língua deles. Eles puderam me compreender e assim entender o
trabalho.
Título:
"O Acompanhamento Terapêutico articulando movimentos: da dependência na cadeira de rodas à cidadania na cadeira de rodas"
"El Acompañamiento Terapéutico articulando movimientos: de la dependencia en la silla de ruedas a la ciudadanía en la silla de ruedas"
Autores:
Cíntia Viviane Ventura da Silva
Alex Sandro Tavares da Silva
Autores:
Cíntia Viviane Ventura da Silva
Alex Sandro Tavares da Silva
Aqui o vídeo da apresentação:
No terceiro dia houve uma palestra muito linda
com Ana Fabre, mexicana, uma senhora muito distinta e com uma fala muito
articulada, fez uma explanação belíssima. E o trabalho dela era sobre uma
menina com a mesma patologia que apresentei, mielomeningocele.
Também houve uma mesa muito interessante sobre
dependência química, com Pablo Dragotto, argentino.
A última mesa do dia foi com Gustavo Rossi,
argentino. Uma fala que me chamou muito a atenção foi de Gustavo
que disse “o acompanhante terapêutico é claustrofóbico”.
Brasil e México trabalhando pelo AT! |
Novos laços, muitos afetos!
Assim foi o VIII Congreso de Acompañamiento Terapéutico no México!
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