Lendo o
trabalho (lindo!) de um colega, percebendo o quanto o acompanhado nos afeta,
nos altera, nos melhora, eu fico pensando no que eu mais gosto no AT, fico
analisando os motivos que me fazem querer ser AT. Lembro-me de uma cena que
tenho bem guardada na memória, como se fosse um filme. Eu estava em um AT, como
visita, acompanhando uma dupla de acompanhado e acompanhante aqui em Pelotas.
Em um dado momento fomos atravessar a rua, e o acompanhado saiu correndo e
atravessou, enquanto nós, eu e o acompanhante ficamos na calçada. Quando o
alcançamos do outro lado ele estava rindo gostoso. Veio ao nosso encontro e
passou o braço ao longo do ombro do seu acompanhado com tanto carinho, num
pedido de desculpas pela travessura com tamanha ternura, que eu ali olhando
poderia ter parado o mundo naquele pequenino momento, só pra continuar
admirando aquele abraço lindo, aqueles olhares singelos de carinho e afeto.
Pararia aquele momento pra poder contemplá-lo por horas, pra poder chorar ali,
pra poder vivê-lo com muito mais intensidade. Pra ter tempo de agradecer à vida
por estar ali presenciando aquela cena tão linda. Lembro do sorriso deles, um para o outro. Sorriso
de amigos. Amigos qualificados?
O AT é uma coisa tão linda! Sempre mágico. Nos pequenos detalhes nos
enternece. Mesmo quando estou muito triste, muito decepcionada da vida, quando
eu sento pra trabalhar e escrever, para ler, eu sempre me sinto muito bem. Encanta-me
ler sobre a unicidade da vida de alguém, seus modos, seus costumes, seus
olhares. Seja do acompanhado ou do acompanhante. Essa duplinha sempre me deixa
emocionada, sempre me deixa com a alma aberta. Agora, relendo o trabalho do
Luiz, vendo os apontamentos que fiz mês passado sobre o texto dele, sobre as frases
lindas e sagradas que ele compartilhou comigo através do seu trabalho, eu me
sinto tão consolada, tão cuidada. Que coisa mais absurda, mas é assim que
sinto! Sinto-me amada através do carinho que se desenvolveu entre os dois,
através das mudanças que um afetou no outro. Sinto-me parte de algo que é
maior, algo que nos conecta, que me mostra que talvez seja por isso que eu
queira ser AT: porque me faz feliz! Só por isso, não pra ajudar ninguém, mas pra
ser feliz, pra aprender com os acompanhados, pra ter minha alma tocada por
eles. Pra conviver com acompanhantes que colocam toda essa magia no papel e
fazem meus olhos umedecerem.
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